29 de dez. de 2012

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)


   Falar sobre Tarantino é sempre uma tarefa difícil para mim. Eu tenho uma relação com ele sobre gostar e não gostar. Existem coisas que eu realmente gosto nos filmes do Tarantino e existem coisas que eu também não gosto, falarei desses pequenos detalhes ao longo da resenha.
   Em Bastardos Inglórios, Tarantino entra em outro nível, não um nível a baixo, mas um nível acima, pelo menos para mim. Tudo o que faltou em outros filmes do Tarantino está em Bastardos Inglórios.
   Uma coisa que eu gosto muito nos filmes do Tarantino é que ele parece fazer filmes sem se importar com o que as outras pessoas vão pensar. Primeira coisa que se pode notar em Bastardos Inglórios é a mudança do estilo desse filme para os anteriores. E isso de maneira nenhuma faz Tarantino ser menos Tarantino, vejo nesse filme que ele realmente estava tentando algo novo sem mudar sua marca.
   A trama de Bastardos Inglórios acontece em uma época de guerras. Na ocupação da Alemanha na França, a jovem Shosanna Dreyfus, filha de família judia presencia a morte de sua família pelo coronel Hans Landa, dois anos depois ela reencontra o coronel e desenvolve sua vingança que planejou por esses dois anos. Com a mesma missão também temos Aldo Raine e seus soldados judeus, Os Bastardos, que também criam um plano para derrubar os soldados nazistas.
   A primeira coisa que podemos notar nesse filme é a falta do trash. A produção desse filme foi muito maior do que a de Cães de Aluguel, por exemplo. Tarantino dessa vez não deixa brechas para cenas mal feitas, todas as cenas do filme são muito bem orquestradas, principalmente as cenas violentas. A produção de Cães de Aluguel, por exemplo, foi relaxada e irreal, o sangue parecia mais uma tinta guache usada por crianças do jardim de infância, enquanto em Bastardos Inglórios a produção é muito bem feita, totalmente realista.
   Tarantino também acerta em cheio no roteiro.  Não é novidade que ele sempre arrasa nos diálogos, mas essa se não me engano foi a primeira vez que eu gosto da ordem cronológica que o Tarantino emprega em seus filmes. A ordem cronológica de Bastardos Inglórios é uma ordem incomum, como sempre, mas dessa vez está longe de ser confusa ou desconexa. O roteiro além de ótimos diálogos também é muito original. Os fatos contados no filme não batem muito bem com a realidade, há pessoas que julgam a falta de realidade, mas eu realmente não dou a mínima, se quisesse realidade assistiria um filme biográfico e não um filme do Tarantino, certo?
   Elenco é uma coisa que nunca é um erro nos filmes do Tarantino, fico feliz que ele sempre mude de elenco, nunca é aquela mesmice, ele está sempre trabalhando com atores diferentes a cada filme que faz. Bastardos Inglórios reúne um grande elenco, temos Christoph Waltz interpretando o coronel Hans Landa, essa foi uma das melhores surpresas desse grande filme, Waltz consegue se transformar no próprio vilão, mesmo que um vilão odiável ainda um vilão cativante.
   Brad Pitt também cumpre bem o papel de Aldo Raine, confesso que fiquei um pouco frustrada na primeira cena do Brad Pitt no filme, mas foi até uma cena interessante para observar e tirar uma teoria própria. Eu pela minha visão acho que o Tarantino começou a gravar o filme do começo, digo, existem diretores que começam a gravar pelo final ou metade, mas nesse filme podemos ver que a primeira cena do Brad Pitt foi um tanto caricata, só depois das primeiras cenas que ele começa a pegar o ritmo da coisa.
   As pequenas participações de grandes atores também foram ótimas. Michael Fassbender apesar de aparecer muito como sempre deu um show de atuação, eu fiquei realmente muito feliz por vê-lo nesse filme. Martin Wuttke interpretando o Adolfinho também foi incrível, aliviou muito bem esse contexto histórico da época onde Hitler era coisa séria.
   Eu não sei se definiria o filme como um filme de vingança, no começo me fez pensar que ficaria nessa caça de judeus, mas é um filme incrível, completamente imprevisível e diferente. A trama segue um bom ritmo e o filme não se torna enjoativo em nenhum momento. As cenas de violência foram muito realistas, exageradas também, confesso que me amarro em violência, Tarantino fez isso muito bem. A vingança não é chocante, mas é sim uma boa vingança, seguindo aos sons da explosão e das armas. O final é realmente incrível.
   Bastardos Inglórios já entrou na minha lista de favoritos e esse já é com minha certeza o melhor filme que o Tarantino já fez, espero que Django Unchained e o próximo Killer Crow sejam tão bons como esse início de trilogia.

27 de dez. de 2012

Macabro (Rumah Dara, 2009)

   A emoção de encontrar o filme que procurou por muito tempo é tão incrível, por um momento eu não estava nem acreditando que baixei esse filme. É estranho, eu não tinha interesse no filme em si, mas logo me interessei pelo país onde o filme foi feito. Eu nunca assisti a um filme indonésio, experiências nunca são suficientes.
   Rumah Dara é um daqueles filmes de terror onde começa em um lugar no meio do nada com alguns amigos espetos, só que não. Esses amigos espertos do filme então vão viajar para a Austrália, eles em um dia chuvoso então dirigem até o aeroporto, mas tem sempre aquele clichê que pode estragar tudo, gente pedindo carona. É isso mesmo, na estrada os amigos espertos de tudo acabam se debatendo com uma jovem que diz ter sido roubada e que precisa voltar para casa, como os amigos são burros, guiam a guria até em casa e chegando lá ela os chama para entrar e conhecer a mãe legal que ela tem. Mas quem se importa com isso tudo quando em uma noite chuvosa o aeroporto está aberto? Só na Indonésia mesmo!
   Sacou a mistura? Rumah Dara tem um pouco de O Massacre da Serra Elétrica, um pouco de A Fronteira e um pinguinho de A Morte Pede Carona. 
   A coisa mais legal do filme é realmente a mistura danada, adorei as cenas com a serra elétrica, mas fiquei abismado com aquele cara mutante e com a feiura dos policiais.   
   Por esse breve resumo já dá pra saber que o filme tem uma sucessão de clichês. Também é um filme que infelizmente não tem estória, basicamente a estória do filme fala sobre algumas pessoas aleatórias que estão lá de boa viajando numa madrugada conhecem uma garota pedindo carona e de um dia pra outro a vida desses desconhecidos vira um inferno. A única coisa boa no roteiro foi a ordem cronológica das coisas, tudo aconteceu quando era para acontecer, não teve enrolação pra matança começar.
    A parte do gore já é ao contrário da estória ou da falta dela. Por incrível que pareça as cenas de gore são bem-feitas, sangue para tudo quanto é lado, já que eu gosto muito de gore adorei!
   Para se comparar esse filme com O Massacre da Serra Elétrica precisaria de um personagem marcante, Dara é essa personagem marcante. Eu adorei a Dara, ela tinha aquela pegada bizarra e diferente, além dos seus métodos assustadores, como transformar os filhos em assassinos. Shareefa Daanish com certeza se destaca do resto do elenco, Dara mesmo sendo uma personagem caricata é uma personagem muito bem interpretada, principalmente nas cenas em que ela surta. 
   As outras atuações ficam no meio termo, como eu disse, Shareefa é a única que se destaca, algumas das outras atuações são até risíveis de tão ruins, principalmente a do Eko e do Jimmy, atuações muito infelizes. 
   Não fiquei com medo, não me assustei, não teve estória, mas quem liga? Dara é uma personagem única, gostei do gore e gostei da iniciativa dos criadores de fazerem esse filme, sem ele eu acho que nunca assistiria um filme indonésio, valeu totalmente a pena a experiência! 

26 de dez. de 2012

À Prova de Fogo (Fireproof, 2008)

   Hoje eu e minha amiga assistimos a um filme que planejávamos assistir a um tempo atrás. Por ser um filme com uma temática mais gospel e ter sido indicado na igreja ela queria ver mais do que eu. Ela foi a única que chorou também, apesar dos meus olhos lacrimejarem um pouquinho.
   À Prova de Fogo é um filme com uma temática parecida com Namorados Para Sempre, mas que segue um rumo totalmente diferente. É um filme centrado em um casal obviamente com problemas de relacionamento, os dois de tanto jogarem a culpa uns nos outros decidem então se separar. Caleb em uma conversa com o pai dá uma chance para o casamento lendo um tipo de manual que um dia já ajudou seus pais a se reconciliarem, ele começa a colocar o manual em prática, mas tem dificuldades em aprender o verdadeiro significado da palavra amar.
   Cat e Caleb são aqueles tipos de casais que perderam a chama do amor. Eu nunca tive uma experiência assim, mas acredito que possa acontecer de verdade essa perda de sentimento de ambos os lados. Caleb é o único que tenta resgatar o relacionamento, pois no fundo ele sabia que estava errado, com essa chance para retomar com a esposa ele foi começando a se apaixonar por ela de novo.
   A mensagem do filme é realmente linda, a maneira que o fogo vai reascendendo é realmente bastante natural. Caleb primeiro começa com coisas pequenas, comprando flores e preparando o café da esposa, mas nesse começo ele realmente não sabia o significado de tudo o que estava fazendo, aos poucos ele vai descobrindo que amar não é ser notado ou gratificado pela pessoa que ama, mas sim fazer questão de não receber nada em troca por esse amor. Ele também aprende que não basta só ser um bom homem para as pessoas que ele não conhece, mas também aprende que também precisa ser bom com sua família para ter uma vida feliz. 
   Eu realmente gostei desse filme, mas achei que faltou uma direção mais trabalhada, com isso eu com certeza choraria. Quando falo em direção mais trabalhada quero dizer mais capricho com a filmagem, porque o filme ficou com cara de filme Sessão da Tarde, eu acho que qualquer pessoa que visse na TV passaria direto por esse filme e nem se importaria com o assunto do filme.
   Fireproof também tem um toque de comédia para aliviar os momentos tensos e dramáticos, eu acho que esse toque de comédia deu um tom especial ao filme. 
   Não sou muito fã de filmes gospels, mas para casais religiosos é um ótimo filme, pois fala da presença de Deus em uma união entre duas pessoas. É um filme que realmente vale a pena assistir, principalmente com o namorado ou marido, pois é um filme otimista, com uma bela mensagem para os casais que estão começando ou que estão à beira de terminar um relacionamento.

24 de dez. de 2012

Sem Limites (Limitless, 2011)

   Uma vez eu pedi uma indicação de um filme cheio de reviravoltas lá no Clube dos Cinéfilos no Facebook, algumas pessoas foram recomendando filmes e eu fui marcando. Eis que alguém me indicou o filme Sem Limites e agora eu estou aqui para falar sobre o que eu achei.
   Sem Limites traz Bradley Cooper no papel de Eddie Morra, um escritor fracassado que em um dia qualquer se encontra acidentalmente com seu ex-cunhado na rua e tem por ele oferecida uma pílula capaz de fazê-lo usar 100% do seu cérebro. Do cara fracassado com uma vida totalmente sem graça do dia para noite Eddie Morra torna-se um milionário capaz de triplicar uma quantidade enorme de dinheiro em apenas um dia. 
   O roteiro desse filme é sem dúvida inovador. Imaginem só se pudéssemos realmente usar 100% do nosso cérebro pensante? O ser-humano já é capaz de realizar coisas maravilhosas, mas com o cérebro completo todos nós seríamos gênios, capazes de enxergar algo apenas uma vez e memorizar para sempre. Mas claro que tudo tem um preço, Eddie, o personagem principal do filme começa a se viciar na pílula sem saber que tanto conhecimento pode matar.
   Primeiro eu tenho que destacar uma participação no filme, uma participação marcante, eu diria. Não acredito ainda como a equipe da maquiagem conseguiu transformar a bonequinha da Anna Friel em uma tia acabada com cara de drogada, ótima participação dela no filme, me fez ter saudades da época de Pushing Daisies.
   No elenco também temos a presença do Sr. Robert De Niro, coisa que não me deixou muito feliz. Não que eu não goste do De Niro, eu gosto, mas atualmente ele vem tendo atuações mecânicas, sendo capaz de ser ofuscado até por Bradley Cooper.
   Neil Burger, que ficou famoso por dirigir um filme que eu adoro, O Ilusionista, aplica um bom roteiro com boas técnicas de filmagem. A fotografia faz parte da originalidade do filme, em uma cena temos os tons frios em partes que o personagem não está drogado, os mesmos tons da vida sem graça e fracassada do personagem e em outra cena não tão distante podemos ver que as cores são bastante saturadas apontando o foco para os olhos do protagonista, esse efeito de cores e o efeito visão para as coisas além da visão normal do protagonista são aspectos que deram ao filme um efeito esperto e perspicaz.
   Eu gostei bastante do filme, mas o desfecho foi o que não me agradou. Não acho que tenha sido o desfecho correto para o filme, não foi tão esclarecedor e ao mesmo tempo foi um final previsível, confuso me fazendo até soltar a frase: "Mas já acabou?"
   Enfim, o filme é ótimo, tem mais qualidades do que defeitos, mas ainda faltou um pouco de empenho no final.

14 de dez. de 2012

Frida (Frida, 2002)

   Primeiro antes de falar do filme só quero parabenizar a Salma Hayek, ela esperou oito anos para concluir esse filme, além disso, ela também participou da produção, coisa que eu acho muito importante para o crescimento de um ator como profissional, nós podemos ver esse envolvimento da atriz com o filme e isso é realmente muito legal. 
   Frida é um filme de língua inglesa que se passa no México, o filme conta a história real da pintora mexicana Frida Kahlo.
   Antes desse filme eu não conhecia Frida Kahlo, digo, conhecer eu conhecia, sabia que ela um dia foi uma pintora famosa e tudo, mas nunca pesquisei a história dela. Eu assisti a esse filme sem saber de absolutamente nada, claro que li a história real depois, mas é injusto julgar adaptação, se eu quisesse realmente toda a história real eu procurava uma biografia, coisa que não é o caso, pretendo na resenha que escrevo agora falar sobre o que eu vi, não sobre o que a história conta.
   Frida é um filme que foca bastante na vida sexual de Frida Kahlo, não é realmente uma coisa que passou a ser forçada ao longo do filme, mas me senti um pouco incomodada com tanto apelo. Eu pensava ver mais de Frida como artista, se esse filme era para ser uma homenagem passou longe, porque a Frida que eu vejo nesse filme é uma verdadeira piranha. Frida e Diego tinham um relacionamento explosivo para a época, ambos se traiam entre si e esse estilo de vida tomou conta de uma grande parte do filme, coisa que não era necessária.
   A Frida artista mostrada do filme é uma mulher nobre, que pinta com o coração dependendo do momento de sua vida, infelizmente colocaram a vida sexual dela em primeiro plano, eu adoraria saber suas razões e inspirações, pena que o filme não mostrou essas origens. Eu gostei muito das colocações da diretora Julie Taymor, ela mostrava a tragédia na vida de Frida e logo depois a ânsia de retratar essa tragédia em pinturas. A colocação foi feita de uma maneira simples sem ser uma coisa muito óbvia.
   Julie Taymor dirigiu o filme muito bem, eu realmente prezo demais a ordem cronológica e ela soube conduzir isso muito bem, tirando os efeitos especiais belíssimos. A cena sobreposta em que Frida corta o cabelo foi muito bem orquestrada, uma das melhores cenas do filme.
   Salma Hayek teve também uma atuação maravilhosa. Eu já até disse no início da resenha sobre ela também ser produtora do filme, ela exerceu bem ambas as funções, foi muito legal ela lutar para tirar esse filme do papel.
   Além da maravilhosa atuação de Salma Hayek o filme também teve participações memoráveis, como a de Geoffrey Rush e a infelizmente pequena de um dos meus atores favoritos Edward Norton, pelo qual eu cheguei a comprar o filme.
   A produção técnica foi de bater palmas, principalmente o figurino impecável da época. Eu vi algumas fotos e foi lindo como conseguiram ambientar tão bem aquela época para nossa década atual.
   Frida é um ótimo filme, mas infelizmente uma biografia mais ou menos. Eu senti falta do aprofundamento poético na vida de Frida, queria saber como certas coisas a afetaram em sua vida artística e muitas outras coisas. Eu também gostaria muito que esse filme fosse filmado em espanhol. Enfim, claro que o filme mostrou a forma de amor entre Diego e Frida muito bem, eles poderiam ser totalmente desproporcionais, mas se completavam da mesma maneira que a direção de arte, a maravilhosa trilha sonora, a caracterização e as atuações fizeram desse filme um filme de primeira qualidade.

9 de dez. de 2012

Tyler Durden

O texto abaixo contém alguns spoilers sobre o filme Clube da Luta.
   Eu disse uma vez aqui no blog que nós teríamos novos tipos de postagens. Ainda não tinha planejado fazer análises sobre personagens cinematográficos, mas hoje eu estava passando de boa pelo Facebook, eis que uma página sobre cinema postou uma foto do Tyler, personagem do Brad Pitt em Clube da Luta, então eu tive do nada essa ideia de analisar personagens de vez em quando.
   A primeira análise vai ser justamente sobre o Tyler, não por ter sido a foto que postaram, mas por ser um personagem bastante complexo, sendo considerado por mim o melhor personagem literário já criado.
   Todos nós temos um Tyler Durden lá no fundo da alma, esse personagem é tão complexo justamente por conseguir mostrar o interior de várias pessoas em uma só.
   Creio eu que a maioria das pessoas já passou por um dia de revolta total, querendo descontar a raiva sobre todas as merdas da vida no sistema. Tyler é esse momento ápice, quando estamos realmente cansados, desistindo de tudo, nos tornamos livres para nos tornarmos outra pessoa.
   Somos apresentados a esse personagem fantástico momentos antes do primeiro contato entre ele e o narrador sem nome, ao todo, antes do encontro, aparecem quatro fantasminhas do Sr. Durden na tela, depois disso, além dos fantasmas, aparece uma imagem do mesmo na televisão do hotel do narrador, bancando de garçom de restaurante. A minha tese principal dos momentos antes do encontro é a de que quando uma pessoa se torna outra pessoa, ela já apresenta alguns indícios de mudança, ela passa por essa metamorfose conhecendo seu novo eu bem antes de encontrá-lo.
   Quando o apartamento do narrador pega fogo é quando ele percebe que encontrou a liberdade para ser quem ele quiser, perdendo todas as esperanças é que se encontra a liberdade e a liberdade está no seu eu disposto a ser realmente livre, Tyler Durden.
   Qual é a cena do filme em que o narrador cria Tyler Durden? Na minha percepção, ele não cria Tyler Durden no filme, ele já possuía esse alter ego adormecido dentro de si desde o início do filme, não há uma certeza de onde isso começou, provavelmente foi na época em que ele perde sua saúde emocional, com problemas de insônia e solidão. A libertação desse alter ego acontece bem antes de seu apartamento pegar fogo, quando o narrador sente que faltam pouquíssimas esperanças e o confronto dos dois personagens é na parte do avião, quando o narrador pega o cartão de Tyler, ambos já sabiam nessa parte que o confronto ia ocorrer de uma hora para outra, era apenas uma questão de tempo.
   No momento que o Clube da Luta é criado, nosso narrador certinho acaba perdendo todas as suas ambições, ele não quer mais aquele sofás chiques que queria antes, comparar as roupas de marca que também queria ante ou até mesmo aquela tão cobiçada mesinha no formato Yin-Yang, ele está finalmente livre para não precisar de certas coisas que antes eram importantes, razão pela qual eu amo Clube da Luta, um dos filmes mais inteligentes já feitos, é um filme crítico, mas que acaba enganando muita gente, principalmente sobre o consumismo, nada nesse filme é realmente questão de possuir alguma coisa, eu não acho que o filme seja diretamente contra o consumo de coisas, mas esse sim é um filme contra o consumismo, um filme que nos faz abrir os olhos para esse materialismo exagerado, o mesmo materialismo que nos faz colocar objetos na frente de pessoas.
   Tyler Durden é um louco ou um gênio? Um pouco dos dois, eu diria. Tyler é um personagem totalmente irônico, ele que diz em uma cena a seguinte frase: "Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos", mas em outra cena o mesmo está colocando uma arma na cabeça de um jovem, o obrigando a estudar e arrumar um emprego, coisa que não faz sentido algum. Vocês já pensaram no que pode acontecer se o cara continuar estudando e arrumar um bom emprego? Sim, ele vai ganhar dinheiro e vai gastar esse dinheiro com coisas inúteis. Tyler mesmo assim é propositalmente brilhante, existem mais de duas ou três cenas ironizadas no filme, principalmente uma que é o ponto realmente alto da ironia do ser humano. Tyler ainda poderia ter tido um pouco do narrador ou ele apenas estava fazendo as pessoas pensarem de uma maneira totalmente contrária a sua busca confundindo todas as pessoas, nós podemos ver que ele é realmente genial. A genialidade de Tyler pode ser remetida a duas cenas do filme: Tyler uma hora critica a posse, mas essa hora ele obriga o jovem a procurar emprego, Tyler também cria um exército, homens que fazem coisas para ele, homens que são mandados por ele, como em um emprego, ele chama seus soldados de macacos espaciais, pessoas que realmente não pensam e que aceitam ser mandadas por outras pessoas. A grande genialidade disso tudo é que há um ensinamento, o ensinamento é que o crime não é possuir coisas, não é possuir pessoas também, o verdadeiro crime é deixar que suas posses te possuam. Os macacos espaciais de Tyler podem ser vistos como esposas, pode ser que Clube da Luta seja um filme machista, mas nem Tyler e nem o narrador querem se casar, eles não querem ser mandados. Nosso narrador vive o primeiro ato do filme sendo mandado pelo chefe, no terceiro ato ele desiste de ser mandado e sua vida apenas consiste em mandar, mas olhem bem onde essa loucura acaba: No final seus macacos espaciais estão tão consumidos pelas ideias malucas do seu alter ego, que não aceitam mais suas ordens. Tyler, como a televisão, ironicamente vai invadindo aos poucos a mente de seus macacos espaciais. A sacada do filme é genial por si só, percebem? A maioria dos seres humanos acreditam apenas no que é mais convincente para eles, ninguém está preocupado em formar suas próprias opiniões já que outras pessoas já mastigam opiniões direto para a cabeça da maioria. Tyler tem mais esse momento genial, que inspira o narrador a olhar para o contexto geral de sua vida.
   Tyler acaba se tornando um grande aprendizado para a vida do narrador. A vida do narrador realmente começa quando a vida do Tyler termina.
   Tyler Durden é meu personagem cinematográfico favorito de todos os tempos, porque ele foi tudo o que o narrador desconhecido precisou para mudar sua vida e ele é tudo o que eu preciso para mudas minha vida. As pessoas me perguntam se eu conheço Tyler Durden, eu realmente não sei dizer por completo, mas ele é a parte de mim e de todos nós. A parte que destrói a perfeição e que quer a liberdade. Tyler Durden é lado negro que todos nós queremos controlar, mas que não conseguimos. Tyler Durden é um verdadeiro aprendizado para nossa vida e para o que é realmente importante nela.
   Eu termino essa minha análise em um momento dramático, afinal de contas, análise que é análise tem que ter um drama especial. A razão dramática é que eu adoraria fazer uma resenha de Clube da Luta aqui no blog, mas já fiz no meu blog tarefa de língua portuguesa, vocês podem ler essa resenha aqui, lá no blog vocês podem ler também uma biografia do autor do livro Clube da Luta, Chuck Palahniuk, eu postei umas entrevistas dele lá na postagem das quais ele fala sobre o filme.
   Tinha tanta coisa a mais para falar, principalmente sobre a questão da perfeição que o filme aborda, mas agora eu olhei o tamanho desse texto e se ficar maior realmente ninguém vai querer ler. A leitura infelizmente está perdendo sua força e isso é lamentável. Enfim, como não vou poder falar sobre o tema perfeição, só deixo uma frase: Quanto mais perfeito você quer ser, menos perfeito você é. Tyler é o homem perfeito de todas as maneiras que o narrador tenta ser, assista Clube da Luta novamente e comprove que acontece na nossa vida, quando você não se preocupa em ser perfeito está tudo bem, você é feliz.
   Enfim, espero que tenham gostado dessa análise, vou tentar trazer outra qualquer dia desses, ainda estou pensando em algum personagem realmente complexo, talvez nossa ciborgue problemática de Eu Sou Um Cyborg, Mas Tudo Bem! ou até o vilão dos vilões, Coringa do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas,  quem sabe ou talvez sobre nossa vampirinha sanguinária de Sede de Sangue. O que vocês acham, ótimos personagens, não?
   Eu peço a vocês que comentem aqui em baixo para me incentivar com o blog, vocês podem até dar sugestões de personagens para análises futuras, podem elogiar e até criticar, mas comentem, os dedos de vocês não vão acabar caindo por comentar, afinal, não tem aquela verificação chata de letrinhas, eu desativei, então é só vocês comentarem normalmente sobre essa e outras postagens, digam se concordam ou descordam, podem até expressar seus próprios pontos de vista, eu vou adorar saber a opinião de todos os que comentarem. Eu também peço que me deem um toque se encontrarem algum erro de ortografia, eu quero trabalhar como corretora ortográfica, então é inaceitável que eu escreva errado, sempre vou procurar aprender com meus erros e corrigi-los acima de tudo. Eu agradeço a você que leu até aqui e que comentou, obrigada de verdade e até a próxima!
   Para todos vocês que leram até aqui deixo uma pequena mensagem do nosso velho e querido amigo Tyler Durden:

8 de dez. de 2012

Persépolis (Persepolis, 2007)

   Posso não ser uma grande fã de filmes de animação, mas tem filmes que cativam a gente de uma forma tão bela e inteligente, como acontece com a animação francesa Persépolis.
   Eu sou fanática por cinema francês, mas confesso que nunca tinha assistido a nenhum filme francês de animação, é um gênero difícil para mim, pois a maioria dos filmes de animação que eu assisti foram superficiais e nada inteligentes, filmes que não acrescentam absolutamente nada em nossa vida. Persépolis está bem longe desse tipo de estereótipo.
   Na animação somos apresentados à vida de Marjane, uma garotinha idealista, que depois de ouvir algumas histórias de parentes e conhecidos cria um grande desejo revolucionário. Conforme vai conhecendo as opressões de seu país, Marjane tenta ir contra o bruto regime islâmico, então seus pais a mandam para outro lugar com medo da filha ser presa no futuro. Já que o Irã está em guerra com esse país, Marjane é recusada por todos. A animação também mostra grande parte da vida de Marjane, além da revolução, mostra a mudança de pensamentos de Marjane até sua idade adulta, conforme ela vai crescendo também aprende o valor da família, vícios do amor e casamento. 
   Algo que me fez amar esse filme foi o tema, eu sou suspeita a falar, amo produções sobre guerras e revoluções. Persépolis vai muito além de ser uma animação bonitinha e divertida, é uma animação inteligente de verdade, uma verdadeira aula de história.
   Falando em história, não posso esquecer as referências à cultura popular da época. Eu juro que não sabia que nessa época as mulheres eram proibidas de escutarem um bom rock e de gostarem de Michael Jackson, todas essas proibições são mostradas com muito humor.
   Marjane é a prova de um amadurecimento contado com um pouco de tristeza, no início nós vemos uma Marjane tão idealista e no final ela já desistiu de suas ideias revolucionárias. Não é muito bom esse tipo de coisa, mas é o que acontece na realidade. Muitas coisas que não podemos mudar, somos obrigados a aceitar. A maior lição que o filme nos ensina é para que não nos esquecermos de quem somos, prova disso são as cenas em que Marjane diz que é francesa para evitar a rejeição, mas no final do filme, ela reconhece com toda sua convicção que veio do Irã, ela aceitou suas origens, não esquecendo de quem é e nem de onde veio.
   A animação é muito bem-feita, eu gosto muito quando colocam lembranças em preto e branco, nesse filme deu aquele tom mais culto, mas ao mesmo tempo muito simples e bonito. O desenho também é lindo, destaque para o mar e para as nuvens, achei os traços lindos, não só das cenas de mar e nuvens, mas os desenhos das pessoas também foram lindos, delicados e ao mesmo tempo selvagens, expressivos. 
   A família de Marjane também é importante na história, principalmente a avó, que é um exemplo de mulher sábia e guerreira. Tocante o senso de família que temos nesse filme, uma verdadeira família, onde uns se preocupam com os outros, tentando mantê-los salvos, mesmo que chegue a doer.
   Nós podemos também nos extasiar de revolta com esse filme, não entendo como um filme dessa categoria perdeu como Melhor Animação no Óscar para um filme tão infantil e superficial como Ratatouille, onde está o senso crítico desses críticos? Persépolis é mais uma prova de que o Óscar é uma premiação injusta, que só dá devido valor a filmes americanos famosos e não tão merecedores assim.
   Enfim, eu vou recomendar antes de começar um falatório sobre o quanto o Academy Awards é injusto, eu falo isso em quase todas as minhas postagens, não é novidade por aqui.
   Eu recomendo Persépolis para qualquer pessoa, mas recomendo com uma condição para cada um que for assistir, eu peço que assistam no áudio original, francês. Eu realmente adorei a dublagem original, principalmente a voz da Marjane criança, os dubladores arrasaram!

2 de dez. de 2012

Trilogia Vingança de Chan Wook Park

   Estou aqui hoje para falar de vingança, triste vingança, bela vingança, doce vingança, três vinganças em suas melhores formas arquitetadas lindamente pelo mestre Chan Wook Park.
   Conheci o trabalho de Chan Wook Park quando procurei algum filme de vampiros decente para assistir, veio pra minha vida de cinéfila Sede de Sangue, quando assisti pela primeira vez me apaixonei pelo trabalho consistente do mestre, ele brinca tão bem com os clichês, transformando tudo em arte, aliás, recomendo que todos assistam aos filmes do Wook Park, principalmente Sede de Sangue, que é um verdadeiro filme sobre vampiros e para a sorte de todas as pessoas de bom gosto, não tem nenhum "vampiro" que brilha no sol.
   Ontem eu finalmente assisti aos filmes mais famosos do Wook Park, eu já tinha em mente assisti-los antes, mas a falta de tempo e disposição não deixava. Um belo dia, conhecido como ontem de ontem, eu fui à inauguração das Lojas Americanas na minha cidade, passei pela parte de filmes e fiquei encantada, como sempre segurei um monte de filmes, mas no final tinha que escolher algum e eu escolhi Oldboy, sabia que realmente ia valer a pena. Eu cheguei em casa toda feliz, mas tinha que ir para a escola, então tive que deixar pra ontem, acabei assistindo os três filmes da trilogia e estou aqui para comentar eles individualmente e até compara-los.

Mr. Vingança (Boksuneun Naui Geot, 2002)
   Mr. Vingança é o primeiro filme dessa maravilhosa trilogia, não que tenha começado mal, mas foi o que eu menos gostei, não me tocou tanto quanto os outros dois filmes, explicarei depois a razão.
   A vingança desse primeiro filme é bem tranquila, singela, não temos muitos personagens, não temos mocinhos ou vilões, Mr. Vingança apenas nos apresenta personagens pessoais em tristes situações. A maior jogada desse filme foi ter esses como pontos positivos, não envolve personagens fora da realidade, nós só vemos pessoas comuns, pessoas desesperadas e automaticamente tomamos a dor dessas pessoas. Esse filme me sufocou, mas foi um bom sufocamento, eu senti de verdade essa dor que os personagens estavam passando.
   Outro ponto positivo é que o filme é envolvente o mesmo que leva a gente ao ponto negativo, no início eu disse que tinha uma razão pra gostar menos desse filme do que dos outros dois e agora eu exponho meu único ponto negativo: Mr. Vingança, mesmo sendo um filme muito envolvente, é um filme muito previsível. Eu adivinhei o filme inteiro quando chegou na metade, acho que por isso não fiquei tão surpresa com aquele final. Chan Wook é um diretor incrível, principalmente quando brinca com os clichês, é o que eu mais gosto dos filmes dele. Nesse filme parece que ele tentou seguir as coisas como são, deixando o clichê ser clichê, por isso acho que não gostei tanto assim.
   Dentro dos poucos personagens principais temos Ryu, um jovem surdo que vivem em busca de um rim para sua irmã doente, ele com toda essa busca acaba caindo nas mãos de alguns traficantes de órgãos, que acabam tirando seus rins. Ryu até então não sabe mais o que fazer, ele só acaba encontrando uma solução irregular em Yeong Mi, amiga da Ryu, que foi expulsa de uma escola para surdos por não ser realmente surda. Yeong Mi sugere a Ryu que sequestre a filha do ex-patrão, Park Dong Jin.
   Ryu é a alma sensível do filme, ele não fala e não parece uma pessoa muito inocente a primeira vista, mas ele é como uma criança cheia de sentimentos e também ressentimentos, eu fiquei com muita pena dele, nada foi culpa dele de verdade, ele não queria fazer o que fez, mas certas circunstâncias o transformaram em um monstro. 
   Yeong Mi me lembrou um pouco Marla Singer, ela é totalmente Marla, você sabe. Acho que ela também é a única mulher importante do filme. Eu gostei dessa personagem, foi uma personagem realista, eu vejo várias garotas como ela na rua, não sei se essas garotas seriam capazes de planejar um sequestro, mas em uma situação desse tipo ninguém pensa direito, não é?
   Park Dong Jin é nosso Mr. Vingança, um homem comum, como ele estava falido, não podia nem se importar com a situação da filha. Pelo que senti, Park Dong Jin estava desistindo de tudo, ele estava falido, não tinha dinheiro para pagar o resgate e não chamou a polícia achando que tudo se resolveria em um bom sequestro.
   No filme nós temos uma cena de sexo ente Ryu e Yeong Mi, aí é que entra novamente meu senso crítico, geralmente não gosto desse tipo de cena, mas em todos os filmes do Chan Wook Park tudo o que eu rotulo como depravação vira arte. A visão dele é tão maravilhosa, uma cena de sexo não precisa de uma fotografia exagerada, uma música pra lá de melodramática e movimentos sutis com a câmera para ser uma cena bela, Wook Park mostra isso, que é possível fazer uma boa cena de sexo sem todas essas frescuras de hipster. Pode ser que Mr. Vingança não tenha ultrapassado Oldboy e Lady Vingança para mim, mas no quesito de cena sexualmente bonita esse ganha dos dois.
   As minhas considerações finais: Mr. Vingança é um filme lindo, sútil, sufocante, bem-feito, com excelentes atores e uma bela mensagem. 

Oldboy (Oldeuboi, 2003)
   Oldboy para mim é o filme da trilogia mais difícil de julgar, pois é uma mistura de um filme que eu amei, com outro filme que eu gostei muito, parece que misturaram os dois e nasceu um filme perfeito.
   Nosso principal personagem aqui é um homem chamado Oh Dae Su, ele aparentemente é um homem comum, que é sequestrado no dia do aniversário de sua filha. Após o sequestro repentino, ele é mantido preso por quinze anos dentro de um quarto de hotel e repentinamente também é solto em algum lugar da cidade dentro de uma mala, não sabendo aonde está e conhecendo mais o mundo, Dae Su toma como principal a missão de se vingar de quem o encarcerou por quinze anos dentro de uma prisão psicológica.
   Lembra alguma coisa para vocês? Pra mim lembra muito, tanto pela sinopse, quanto pelo filme, O Conde de Monte Cristo, um filme que eu gostei muito, mas que deveu na parte da vingança. Por outro lado, também me lembrou Clube da Luta, um filme que eu amo de paixão. Teve até um pouco de Matrix em Oldboy.
   Na pele de Oh Dae Su temos o incrível Choi Min Sik, para quem viu I Saw The Devil vai ficar surpreso em vê-lo como vingador e não como um vilão, lembrando que ele também está em Lady Vingança.
   Oldboy também tem um ótimo vilão, não posso falar muito do vilão, mas é um personagem bem enigmático, interpretado pelo ator Yu Ji Tae, ele também faz um pequeno papel em Lady Vingança.
   Não poderia esquecer também da protagonista feminina interpretada pela atriz Kang Hye Jung, ela aparentemente não parece ser uma grande personagem, mas recomendo que prestem muita atenção nessa personagem, ela é a chave do filme.
   Oldboy foi tudo o que Mr. Vingança não foi, não teve nada de previsível, tudo nesse filme era uma novidade, principalmente o final cheio de reviravoltas importantes, incrivelmente genial!
   A trilha sonora foi ainda mais evidente do que em Mr. Vingança, aqui temos uma trilha sonora bem semelhante a trilha de Clube da Luta misturada com algumas músicas clássicas. Eu gostei muito da trilha, além das músicas escolhida expirarem mistério tinham também alguns instrumentais que realçavam um pouco de comédia, foi bastante original.
    Diferente de Mr. Vingança a vingança de Oldboy foi gritante, Dae Su fazia questão de mostrar ao mundo seu desejo de vingança, ele não era nem um pouco sútil.
   Não consigo também apontar pontos negativos nesse filme, perfeito mesmo do início ao fim, nada previsível, nada cansativo, nada de típico, filme maravilhosamente genial, perfeito, original.
    Lições são o que não faltam em Oldboy, o filme mostra onde o homem chegar por sua vingança, o ápice da tragédia, impacto a cada frase de efeito.
   Eu tenho até medo de falar muito e abrir a boca sobre alguma coisa importante, então só vou dar minha constatação geral: Oldboy é uma obra-prima do cinema coreano, atuações incríveis, fotografia perfeita, cenas de luta muito boas, roteiro maravilhoso cheio de ligações incríveis, trilha sonora no melhor estilo Clube da Luta e uma vingança de tirar o fôlego, qualidades suficientes para tornar Oldboy um filme obrigatório para todos os cinéfilos.


Lady Vingança (Chinjeolhan Geumjassi, 2005)
   Com muito orgulho apresento à vocês meu 100º filme visto neste ano, Lady Vingança, fato a se comemorar, pois me sinto orgulhosa de verdade por ter assistido a esse filme. 
   Lady Vingança é ainda mais sútil, poético e delicado do que Mr. Vingança e ainda mais eletrizante do que Oldboy.
   Chan Wook Park também transforma aqui uma estória comum em um grande projeto artístico. A estória gira em torno de uma mulher chamada Geum Ja, ela é uma mulher considerada santificada por todos, mas a realidade é que Geum Ja foi presa por matar um jovem menino. A realidade da realidade é que Geum Ja apenas confessou o assassinato para poder encobrir seu ex-amante, Sr. Baek.
   Geum Ja acaba descobrindo que seu amante a traia, então decide colocar seu plano em prática mesmo dentro da prisão, quando solta ela está finalmente livre para procurar a vingança.
   A personagem Geum Ja é brilhantemente interpretada pela Lee Young Ae, pena que esse foi o último filme que ela protagonizou. Unnie, por favor, volte a atuar, você é brilhante!
   No papel secundário, como eu já disse, temos novamente Choi Min Sik muito digno no papel do inescrupuloso Sr. Baek.
   A fotografia desse filme consegue ainda ser mais espetacular do que a de Oldboy, aqui temos uma tonalidade mais amarelada, suave, bonita, agradável para admirar.
    Lady Vingança também tem mais humor do que nos outros dois filmes, aqui temos além de Geum Ja ótimas antagonistas, as moças da prisão eram adoráveis e odiáveis ao mesmo tempo. Aqueles flashbacks da prisão foram muito divertidos, diferenciou esse filme dos outros da trilogia criando uma dose de humor muito equilibrada.
   As cenas finais foram lindas, eu gostei muito das cenas de neve semelhantes às cenas finais de Oldboy, uma cena tão linda quando aquela e só um pouquinho mais bizarra.
   A vingança de Geum Ja ainda não foi melhor do que a de Oh Dae Su, mas ainda foi maravilhosa, poética.
    Também não consegui encontrar pontos negativos nesse filme. Eu vejo essas pessoas dizendo: "Não foi melhor que Oldboy". Acredito que Lady Vingança esteja na mesma altura de Oldboy.
   Incrível como Wook Park consegue fazer três filmes totalmente diferentes e todos eles são maravilhosos.
   Lady Vingança tem uma mensagem contrária a dos outros filmes, não posso mesmo entregar as coisas importantes, mas digo apenas que a vingança pode ser um ótimo meio de democracia.
   Acho que tudo o que eu também tenho que dizer dele eu disse na resenha de Oldboy, ambos são incríveis, instigantes, com ótimas atuações, vingança super democrática, filme delicado, bonito e cheio de simbolismo, cinema em sua melhor forma.

   A minha conclusão final foi boa, eu não vejo a hora de assistir esses três em uma televisão grande, realmente são ótimos filmes. 
    Eu gostei muito de Oldboy e Lady Vingança, não sei escolher entre esses dois que eu amei!
   Chan Wook Park é o mestre quando se trata de vingança, eu espero logo Segredos de Sangue, com certeza vai ser incrível como essa trilogia.

Chan Wook Park e algumas palavras sobre seu trabalho...
   Eu encontrei poucas entrevistas do Chan Wook, eu deixo aqui duas citações para vocês que querem conhecer mais sobre o trabalho desse incrível diretor.
   Seus filmes recorrem muito nas intensas performances centrais, muitas vezes enraizados em personagens e experiências que não são particularmente normais. Como você trabalha com os atores para criar essas performances?
   Na frente da câmera quando eles filmam cada cena eu realmente não gosto de dar instruções específicas. Eu gosto de proporcionar a eles liberdade para fazerem o que quiserem em frente a câmera. Mas, no estágio de pré-produção eu bebo muito com os atores e eles falam sobre suas vidas e o que está acontecendo, eles escutam as histórias uns dos outros. Pouco a pouco eles se conhecem muito bem e eles também trocam ideias sobre o filme. 
   Em uma entrevista sobre Oldboy, você disse que as mentalidades de seus personagens e sua mentalidade algumas vezes diferem drasticamente. Como você vê as ações dos pais e de Geum Ja no final de Lady Vingança? 
   Bem, eu não teria me comportado como as famílias se estivesse naquela situação. Eu teria sido fraco como o pai que deixou sua esposa fazê-lo sozinha. Mas, isso não significa que eu não entendo o comportamento deles, estou completamente com empatia dos pais. Eu acho que é uma grande habilidade de artistas e diretores trazerem essa empatia, então eu estudei pessoas comuns para ver o que eles fariam em situações extremas.